segunda-feira, 4 de maio de 2009

"El sueño de la razón produce monstruos"

"El sueño de la razón produce monstruos" - Francisco José de Goya y Lucientes


Templo ortopédico

É claro que a manhã me desaponta,
Convida para a luta rotineira,
O tédio consciente que desponta
Ao dia leonino... Que canseira!

Besteira! Ser desperto à coisa pronta,
Sem eira, ao menos beira, de bobeira,
À lida de um dalai que não dá conta
Da paz e da harmonia e das olheiras.

Profundo, o novo templo que me ajusta
Perfeito na dormida pelos idos
Dos tempos da manhã, que é tão estéril,

Eu fundo numa cama de vetusta
Mania, para a glória dos caídos
Em vão e para o logro do mistério.




Dispersão

O sono vem à tarde e permanece,
depois daquele almoço de dois pratos,
querendo que o descanso não me estresse,
relaxe-me inteirinho em seu extrato.

Eu abro uma bocarra feito prece,
imploro por um canto para o fato:
que a fada a fantasia que entretece
ao fardo do trabalho cumpra o trato.

Eu caio, pois, das pálpebras ao nada,
aqui, por onde estou, e, desse jeito,
me encontro na mais calma das moradas.

A cama de improviso é mais que um leito,
refúgio para a alma tão cansada
das máscaras despertas do imperfeito.

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