Jura?!
Eu juro que acredito que haja Deus,
Eu creio na existência dos anjinhos,
Dos zéfiros, dos homens, dos ateus,
Capítulos, versículos, seus inhos,
Letrinhas no papel para a leitura
Das linhas que se entortam ao etéreo,
E as fadas, e Noel, a arquitetura
Do céu por que saibamos do mistério
Do ser. Principalmente, e mais!, afirmo
Que temo sem temor a Sakyamuni,
A Cristo, que haja Deus, e se iludirmos:
"Ao menos à descrença sois imunes!"
Eu creio, por essência, pelo tato.
Na dúvida o amor é o meu contato.
Jazida
O clima deste Outono me desfaz...
As folhas pelo vento, pelo chão...
Eu penso que Jesus, pela Paixão
que o fez O Redentor, por mim se jaz...
Jazido nas entranhas desse cão,
na seiva de meu sangue barrabás,
não sei da Primavera nem da Paz,
só sei da minha culpa, do tacão,
do coice, da mordida, da porrada,
do cuspe, do desprezo, da fadiga.
Periga que eu não saiba mais é nada!
Mas... o ouro das vergônteas, nem me diga,
brotando da jazida - minha amada,
florescem no seu colo - minha amiga...
*** Feito sob o efeito alucinógeno da música Into my arms, do Cave.