quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dueto feminil

"Dez mulheres são mortas por dia no Brasil" - Estadão

Igreja

Os homens assassinam sua sina,
Fascinam-se com as fêmeas e seu cio,
E o sino que há nas fêmeas se fascina
Dobrando pelo dobro do cicio.

As fêmeas lhes ensinam que se assina
Com sangue de estilete no civil,
Que um homem em infâmia na porcina
Piscina dos seus vícios não é vil.

São filhos da mamãe os menininhos,
Seus pios já não se ouvem mais nos ninhos,
Voejam urubus pela carniça.

Ao sétimo dos dias, que comédia!,
Às sete da manhã, quem é que mede a
Tragédia com as virtudes que há na missa?


Farmácia

Os homens assassinam as amantes,
As mães de seus filhinhos, as amigas,
As fãs, as namoradas, as ficantes,
As fáceis que lhes fiam nas intrigas.

Os homens são covardes, são distantes,
Parece que não amam, como figas
Fizessem nas promessas por instantes
Na cama, soberanos nas mendigas,

Os homens são reizinhos da carocha.
E trouxa da mulher, não os arrocha,
Aceita numa boa, se sujeita.

Do medo que é bem menos do que médio
Mas cresce para o amor como remédio
Os homens decoraram a receita.


***
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