quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Hã?!...



furuike ya
kawazu tobikomu
mizu no oto


Ai! A rã salta...
UTI, dois dias.
Depois, alta.

das mãos delicadinhas que vos tecem
desnudo o tecido
floresça

assoma ao açude
a rã-macho na fêmea
que saúde!

um choro manhoso
de fome e de sede
de leito e de leite

O sapo foi lá e pam!
Por que o crédito
foi dado à rã?

em meno ou em andro
uma rã mergulha
de escafandro

tomadas de assalto
estrelas na passarela
magrelas no salto

não há patamar
barulho de rã
marulho de mar

O sol me amamenta
em meio a um mar de sereias,
seios de tormenta.

não é pula-pula
o barulho que não para
é rã que copula

Na rua lá fora
verás que três não transitam:
eu, aqui, agora.

o monge medita
até que a rã
ah... mardita!

No lago ou no tanque
não quero barulho d'água -
que o haicai se... estanque!

por que sapo repousa debaixo de poste?
spot &
mariposa tostada.

numa quitinete
lá nos quintos dos infernos
nem o cão se mete

Foi no velho tanque -
a maravilha se fez -
barulhinho d'água.

Um amor isento -
a seta passou triscando
por causa do vento.

adita loucura -
à lua do sol nascente
uma rã procura

rãzinha sapeca
que quando salta parece
uma perereca

não há quem não ouça
o sopro na sopa
o sapo na poça

Bioma do muro:
o limo,
um anfíbio anuro.


*** Gostaria de indicar no excelente blogue POEMARGENS, do dr. zantonc, a leitura de Orides Fontela. Grato!
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