sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Dona Leda
Dona Leda
Diarista, doméstica, da cama
direto para a lida, com remela
nos olhos, porque o ônibus, reclama,
não tem hora. Depois da passarela,
no ponto descoberto da Atacama,
favela no subúrbio, não há nela
insônia de políticos, só lama
se chove, e se não chove... quem dá trela?
Distinta mãe de seis, já é vovó
e bisa que, dormindo no busão,
o sonho realiza de educá-los.
Mas a lida de Leda não tem dó,
desperta a analfabeta na razão
que só lhe proporciona cãs e calos.
***