segunda-feira, 7 de maio de 2018

Seção Desejo


Seção Desejo

Sensação de desejo, de um porvir
de pólvora no ponto, prontidão
de fogo numa tocha a perseguir
as faltas que há na luz. Não há perdão

se me escondo de mim por me remir
de escândalo, vexame e punição.
Permito-me ao prazer de poluir
as posses deste espírito cristão.

Gozando como um parvo da mesmice,
desdobro do fracasso o meu sucesso,
desvelo da fortuna o meu azar.

Às raias da razão da parvoíce,
ao término do gozo, recomeço,
não cesso de o desejo desejar.

*** img: Flickr/Bernadette Simpson
Share |

2 comentários:

Marcelino disse...

Gostei do soneto em sua íntegra, mas vou me referir apenas ao oitavo verso: tem um quê de mea culpa do eu lírico muito eficiente para o desfecho do soneto. Parabéns, Bardo

BAR DO BARDO disse...

Grato, Marcelino. Felicidades para você e para sua família!