quinta-feira, 7 de maio de 2009

Dois ang'los

Romeo and Juliet - Sir Francis Dickee

Floresta Solidão

Amor? Mas se estou só, não poderia.
Um filme de terror sem personagem,
Em clima de palor à lua fria,
Ruídos de animais para a selvagem
Floresta Solidão. Um homem só,
Já disse que não posso, não possuo
O mínimo que anima nem gogó,
Vocábulo de lírica. Recuo.
O quarto, um universo de suspense,
Será que susterá de sua trama
O rumo para a dor a que pertence
O corpo no destino de quem ama?
          Eu troco o duvidoso pelo por
          O corpo, pois, no topo do torpor.

Ao trabalho

São horas de trabalho, mas não venço.
Há muito o que fazer. Azar de quem?
Eu penso que desejo e me convenço
Que devo mais lazer e mais alguém.
Amor é uma palavra de consenso,
Termômetro de febre que convém,
Um mal que faz sorrir, perder o senso,
Limão para o tempero pegar bem.
Eu amo esse trabalho menos denso
Que invade minhas veias, mais além,
De luz e de alegria, mar imenso
De vagas que as escumas não contêm.
          Assim é o meu trabalho dado à vida:
          Seu fruto é o meu amor à bem servida.
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