De profundis
Finjo-me de morto, me acostumo.
Rijo todo o corpo. Sangue frio.
Fujo de minh'alma, sou vazio,
Livre de conceito e de consumo.
Levem-me daqui para o póstumo.
Velem-me com o breu que me cobriu.
Rezem uma "Puta que o pariu".
Cerrem-me na terra, que eu me arrumo.
Foda-se, Narciso bonitão!
Feito num abismo ou seu afim,
Rumo para o cu da solidão.
Sei que é da natura o que há de mim:
Vingam na matéria do cristão
Gases e raízes de capim.
*** Faz tempo que não leio uma crônica poética tão bem escrita, estou falando de "Sapatos vermelhos" , de Rúbida Rosa, em http://erilainepoeta.blogspot.com/