sexta-feira, 14 de agosto de 2009

De profundis

De profundis

Finjo-me de morto, me acostumo.
Rijo todo o corpo. Sangue frio.
Fujo de minh'alma, sou vazio,
Livre de conceito e de consumo.

Levem-me daqui para o póstumo.
Velem-me com o breu que me cobriu.
Rezem uma "Puta que o pariu".
Cerrem-me na terra, que eu me arrumo.

Foda-se, Narciso bonitão!
Feito num abismo ou seu afim,
Rumo para o cu da solidão.

Sei que é da natura o que há de mim:
Vingam na matéria do cristão
Gases e raízes de capim.



*** Faz tempo que não leio uma crônica poética tão bem escrita, estou falando de "Sapatos vermelhos" , de Rúbida Rosa, em http://erilainepoeta.blogspot.com/
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