sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Novena de haikus

Matsuo Basho















Novena de haikus

- ao samurai guaicuru Felipe

1.
Deixa a porta aberta,
porque dentro o movimento
com o vento desperta.

2.
Bem fresquinha a dor
na geladeira. E as delícias?
No congelador!

3.
Nem carneiro é fã
de inverno, mesmo com a blusa
que abusa da lã.

4.
Meus ossos nem chiam.
Porque estão com tanto frio,
de si se esvaziam.

5.
Conceito de frio:
o Universo Paralelo
preenche o Vazio.

6.
Quem vinga não sente,
mas a morte é sobremesa
que se come quente.

7.
Se a terra nos cobre;
desdobra-se para os céus
o sino em seu dobre.

8.
Revés tropical,
todo o gelo nepalês
numa pá de cal.

9.
Costelas, o leito:
vermelha a pedra de gelo
hiberna no peito.


Felipe da Costa Marques é meu amigo e, apesar desse demérito, escreve bem. Seu gosto pela concisão o faz discípulo do Mestre Basho e rende bons haikais, haikus, dísticos, epigramas de medidas diversas. Em seu despudor estético o jovem ainda vagueia por sonetos pós-modernos, vez em quando. É, o cara é meio doidinho das ideias e talvez por isso tenha a coragem de poucos ao se aventurar por ambientes selvático-cibernéticos como se fosse ali na Merceria tomar uma cervejinha e assistir a mais uma vitória do Vasco da Gama. Isso bastaria... Mas o Felipe vai mais longe, começa uma carreira interessante de "tradutor" e está nos brindando por ora com uma transcriação para o português de um soneto de Fernando Pessoa. Como é que é, Pimenta?! Bem, o Felipe da Costa Marques costuma atender a sua clientela em dois endereços que eu recomendaria, recomendaria apenas para quem tenha estômago forte e não tema, se necessário, um prazeroso harakiri estilístico-SDM.

Endereço 1,
para leitores de boa poesia: Sapoie
Endereço 2 ,
para vascaínos e afins, comemorando 111 anos de alegrias: Clangoroso




*** Hoje estou lá n'
O TEOREMA DA FEIRA, devido à compaixão do sr. Lívio Oliveira.

 
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