Soneto Soma
- de E. M. de Melo e Castro
Como fazer um soneto sem inspiração
O sono contra a cama desarruma
O prumo pela vida das ideias.
O sono me encaminha para a bruma
E brame seu silêncio de pr'estreia.
Do sono para o sonho, apenas plumas.
Das nuvens para o sol, a panaceia,
O gozo de infinito lar de escumas,
A terra prometida antes pangeia.
Discordo desse tanto na paragem
Do sumo, do cordeiro na touceira,
Da musa que se despe em carbureto.
Acordo meio tonto da viagem,
Acendo a luminária à cabeceira
E tento produzir mais um soneto.
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