Sebastós - in Via Lumina
Lanceia-me no peito por que eu possa
Ferido definir a minha sorte.
Melhor o ferimento para a morte
Que a vida sem sentido, só na troça.
Enleia-me ao que leio de mais forte
Nos olhos que iluminam para a fossa,
Na boca que me amarga mas adoça,
Na vida à mão da forte, sã consorte.
No peito por que eu possa, pois, ferido,
No rumo para as últimas de mim,
No fim que me define, e me engalfinho,
No fundo pelo menos conferido,
Na poça de meu sangue ser, enfim,
A gênese do pó do vão caminho.
Soldado
Na vala há tanta lama, que cacete!,
E a lava que avacalha se deleita,
E o canto blablablá-babel-confete,
E o santo ratatá-cabeça-feita...
Projéteis! Chumbo quente! Capacete,
Protege-me dos jatos e me ajeita
De forma que eu não morra ao que compete
À vida! Aos seus conflitos não me deita!
Preciso de você, para que eu arda,
Você, de suas sardas, sua farda,
Seus tiros de inimigo à minha mão!
Preciso do perigo em que desperto
No sonho catastrófico e, de perto,
Que eu possa te foder, ó meu irmão!
Soldado
Estranho e tão sensível, um civil
Demente que milita desarmado.
Senhor, meu inimigo, meu amado,
Não troca a floração pelo fuzil.
Soldado não amigo nem domado,
Um cão com seus caninos que dão frio,
As garras são de lâminas em fio,
O peito é de mistério consumado.
Senhor, o meu pedido vem da mata,
Da noite de extermínio do palor
Com fogos de artifício cor de prata.
Ordeno-me e vos peço, pois, Senhor:
A cena da batalha que nos mata,
Soldados que se beijam por Amor.
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