Suspense...
A casa está vazia para a vida.
Não há nada que mova, nenhum cão.
A louça da madame, recolhida.
Os pratos da família, à coleção.
O som que vem de fora, com a devida
Fúria, ricocheteia no zarcão
Das grades da janela apodrecida,
Silencia-se à muda confissão.
Parede com o relógio, tique em taque...
Retrato com o refúgio, piquenique...
As sombras estão prontas para o ataque,
São contra a ausência gélida de Henrique
Que volta de uma prática de araque,
O culto por que a carne purifique.
Deparei-me no primeiro comentário com esse "diálogo", que considero perfeito! Senti eu meu outro, porque existe o poeta Fred Matos tanto nas horas e horas e meias quanto no tempo todo que o eterniza em sua baianidade e talento. Eis:
A prática - de araque? - de Henrique
Parece que de araque não tem nada
Pois nada há - meu deus - que justifique
Não crer que se trate de piada
Penso que cultua a carne crua
Que viva vai com ele ao piquenique
Onde como um bom ator atua
Até que dama nua dê chilique
Por isso é que a casa está sem vida
O cão sumiu correndo atrás do rabo
De uma cadela ou de um prato de comida
E o leitor intrigado chega ao cabo
Deixando um grande abraço na saída
Nos versos dum soneto de quiabo
Obrigado pelo carinho, Fred!
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