domingo, 1 de novembro de 2009

Campesinato






Campesinato

Sol desaparece
numa profusão
de melancolia
sem pai nem mãe
para a renovada
dor em releitura
ré não há varanda
não
não à janela
a romantiquinha
claustro para a formosa
mil geografias
na pele

Desapareceu o coreto
a banda do Sêo Orlandino já passou
de há muito muito mesmo
Olvidaram todos a nostalgia
Ninguém mais se arrisca
a comprar naftalina
para colocar no armário
cocô de cupim
e os vestidinhos um amor
excreção de traça
O Manuel da venda
foi lá pras bandas do cemitério com o saudosismo
dos cheiros que as infâncias
lapidaram em cristais de açúcar

A barbearia
essa estilhaçou-se
como espelhos que ao
se multiplicarem em vitrilhos de azar
inaugurariam uma exposição caduca
sobre espiritismo e macumbaria

Quando havia ali uma parede
encerrava-se pelo menos
uma foto da família
na frente da igrejinha
de costas para a cruz
inadiável
Fosse uma das meninas
casar com fazendeiro rico
Um dos rapazes
dar o cu em Nova Iorque
Mas não
ninguém sairia daquela chapa


***
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