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terça-feira, 20 de setembro de 2011

tocante


tocante

à mão direita
uma bíblia

à mão esquerda
um celular

um toque
dois toques

ou
o toco?

***
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

am


am

um cartão postal de lá
uma criança com tamancos um moinho flores
no verso o carimbo vermelho de seus lábios
o sobrescrito saudades te amo

e um adeus
criptografado nas entrelinhas do silêncio


***
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domingo, 11 de setembro de 2011

intervalo de pêndulo




intervalo de pêndulo

tenho por mania e gosto
despertar aos
como dizem
despertar aos primeiros acordes

antes o caminhão de lixo que range irritante

depois
o play que irrompe
do peitilho de pássaros minúsculos

às proclamas do lixo
do caminhão ferrado mijando chorume
dos homens que trabalham a gritos e músculos na maratona fétida]
com rústica poesia de convencimento

prefiro o discurso dos passarinhos
que persuade


***
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

filosoff



filosoff

whisky
sem emento
sementa

o esque-
cimento
cimenta


*** “filosoff” poderia ter como subtítulo o seguinte: reminiscências das vanguardas européias para o provérbio "cu de bêbado não tem dono"
*** img - http://jack-daniels.us/jack-daniels/jack-daniels-whiskey/
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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

coralie clément



coralie clément

coisa que nem me dizes e nem sequer
o gelo?

acaso deveria compreender como o gelo se parte na a
mplidão de um deserto longe?

angústia
angústia
angústia
refrão de ladainha

por deus e pelos mistérios à superfície da lua
as sílabas glaciais do silêncio me servem mais um trago
desespero on the rocks

ou seja vírgula mais um poema clichê meticulosamente


*** sonzinho da cor-clé no tubo
*** a foto é boa, mas eu detesto cigarro 
*** poema inédito nosso na diversos afins 
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domingo, 21 de agosto de 2011

mais três poemas contemporâneos



estrelato

queria fazer "O" poema contemporâneo
um minúsculas
dois ausência de pontuação
três um dois três leitores

para aparecer numa revista digital
pediriam foto
minibiografia


aos meus leitores

um
mamãe ao ler aquela bosta
agradeço por ter fingido orgasmo
o dinheiro dos livros nem pergunte que era farsa também

dois
colega de infância
adicto

três
namoradinha burra
eu te amo se disser
o que você escreve é lindo


luz e não luz

com sol
nem vejo
é micuim

sem luz
à noite
é muriçoca

não é?


*** img noferatu movie
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sábado, 9 de julho de 2011

passeio vespertino

Little Buddha : Okunoin, Koyasan, Wakayama, Japan / Japón
by Michel Michán

passeio vespertino

um passeio para a nossa tarde
um evento na antiga estação de trem

lírios orquídeas mimosas
as flores de holambra
e plantinhas e arrebiques
um gosto de infância
no quintal

havia bastante gente idosa lá

vimos tocamos entrelaçamos dedos passeamos passeamos

bonsai tuia
dezenove e noventa
sim compramos e saímos felizes

os primeiros cem anos são meus
o resto tu cuida 
amor

***
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domingo, 3 de julho de 2011

to candy


to candy

when to sound the silence
of the acidity
that commoves
when from your eyes
a happy tear
and other and other and other
when my closed fists
require a little more love
i want blood
i want a smile from their swollen lips
yes it's sweet
as the mysteries in wild licorices
i guess we can to violate
sweat on the temples
chemistry
yes it's sweet and magenta
light and its tenebrous handful
it's independent but
i love


***
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sexta-feira, 29 de abril de 2011

aquarelas

Vênus Rosa - Milton Dacosta

1.

duas pinceladas
abóbadas

cravejo-lhes a dentadas o que merecem
mamilos


2.

da nascente ao mar
o verde em torno

do mar ao céu
azul


3.

não se pode permitir um acaso
e outro?
um ponto perdido na tela
absorve-se em propósitos

o segredo
o toque da fêmea
a língua nos dentes


4.

os pigmentos se misturam
abstraem-se
caos &
nirvana


5.

pergaminho
dissolver-me em água
sal suor esperma

saciamento


6.

da mais ingênua
técnica de embromar
anjinhos pentelhudos no jardim de infância
aos cromos de blake

aquarelas em sua essência
são lágrimas
e secam


7.

para sangue
procure experimentar os seguintes pigmentos
fúcsia alizarina-crimson vermelho e amarelo cádmio
ah acrescer um nada de azul ultramarino
e uma pitadinha de gengibre em pó


8.

um detalhe
paleta aqui
diverge

o cuspe é a goma ideal
porque gosma

há outros ingredientes viscosos
no seu ateliê
musa
mas é quase impossível
não levá-los à boca

mais um detalhe
seus cabelos são a crina
deste meu sonho líquido
cavalgando sem rumo

*** a aldemir martins, a milton dacosta, a todos os mestres da aquarela
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

fogo



fogo

            p/ elizabete burkhardt

de
talhes
& entalhes
uma composição delicadamente espontânea
indisponível para a carvoaria
para a lida na lavoura sol a sol
suplícios do fogo
carne latejante
uma pele de quem nasceu para sussurrar a brisa da ásia
o vapor das arábias
uma alma assim entre brâmane e dervixe
uma dúvida?
algo estranho que desafia
os filamentos da lâmpada
que se rebentam das sementes de mostarda
nômade sob sua tez
um depósito de beijos e de incensos tudo
o que não se possa definir de forma assertiva...
a noite ainda que fosse a última pediria 748 vezes
748 por mais e mais noites porque a lua
desatina ao seu corpo
cândida
o meu fígado flambado no estranhamento repito
e os olhos pesando cerca de trinta peças de ouro
a partir das hélices de sua cabeleira
penso que o universo brilha
por minha deliciosa ceguidade
um beijo dois beijos três e quantos possa
a cama para que seus cabelos corrompam
o limite das trevas
amando você porque desejo luz
vórtices de calcinação
de quem misteriosa reside
em meu fígado flambado em meus olhos pesando
assim introduzo-me pela música de salamandras lascivas
pela profundidade bastante éter
que tenho sede e fome por seus cabelos e
de seus cabelos a liberdade adocicada
orgíaca arcangélica danação
frêmito frêmito sua vida por qualquer
se me proporciona a conflagração do fogo
oh deixa que eu sorva do morno leite
que descamba de sua fonte
leite gengibre e mel
gota a gota
lamento
de dentro do sigilo
a penugem caracol que me elimina a dor severa
e me desencaminha para o perfeito caos

***
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

D'oftalma fome




D'oftalma fome


1.
Só mais um cupom -
repito meia palmito,
meia champignon.


2.
Num restaurante vegan:
"Aqui, até as moscas são verdes!"


3 (vírgula alguma coisa).
Carne? Nem a pau!
Uma salada completa,
arroz integral.


4.
Sou leve.
Como uma paina.


5.
Não se prenda à grana,
porque é mato - cama;
alimento - prana.



6 (seis).
Em busca de proteína,
meus lábios na mina.


7.
No meio de vossas vagas,
é de se beber com os olhos
o que vos brota aos abrolhos,
o doce das águas.


8.
Tua greve de fome
por minha greve de ti...
As duas persistirão
por sessenta segundos -
cravados!


***
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segunda-feira, 17 de maio de 2010

enlevo

 
        Enlevo - por Eugenia Tabosa


enlevo

entre ressaltos
e reentrâncias
imerso

ao pódio dos longes
amor que viaja
comigo

assim que o meu orgasmo
se eterniza
no teu sexo

extático permaneço

cúmplice de tua gosma


****
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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Técnica PN sem L

 in Abril


Técnica PN sem L

Eu acordei num lugar muito estranho.
A cabeça estava por explodir.
Lembro-me de que saíra sozinho.
Bebidas, desejos, coisa e tal e,
depois, fomos passear pela rua.
Já longe do roteiro conhecido,
que estávamos bêbados demais, sem
medo, sem medo, sem medo, sem medo.
Resolvemos que seria melhor
dormirmos ali naquele chão. Sim,
loucura. Percebi que estava nu.
Percebi que havia uma cama sob.
Senti sobre o meu braço uma pressão,
cabeça, cabelos, olor
de sândalo
um
i n  c   e    n     s      o       .        .         .

mergulhei meditei-lhe nos desenhos produzidos pela
fumaça como que uma série de signos esotéricos
concentrei no mantra que me fora fornecido
secretamente e quase que
gratuitamente
por um site indiano desenvolvimento da intuição
mas no andar de cima
(ops eu estou no meu apartamento) 
zeca pagodinho reinava absoluto
e eu não poderia ir de encontro ao absoluto
voltando
mentalizei a luz violeta
fluindo para dentro de meus chackras
elementais
era de aquário
o cifradíssimo perfume do fumo
analogias possíveis da matéria menos densa com
as sessões de psicanálise
180 (cento e oitenta) cada
sexualidade reprimida
parafilias casamento no fim
traição sem sal
auto-estima 0 (zero)
e então
indicador
e polegar se tocam levemente
energia prânica lótus de 1000 (mil) pétalas
pronto!
mais um poema sobre porra nenhuma!


***
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terça-feira, 11 de maio de 2010

Três poemas d'um cotidiano outro


1.
Você diz que eu blasfemo
e sofre e se arrepende por mim.
Mas eu apenas
uso palavras
em
português brasileiro.
El Rei Dom Sebastião é português.
Deus é brasileiro.

2.
Deus É.
O Único.
Falante de Silenciez.

3.
álcool
lapso de sinapses
abrasões de esfíncter


*** "... o EP A Lenda d'El Rei D. Sebastião, do Quarteto 1111, foi o primeiro disco português a ser tocado no célebre programa Em Órbita, do Rádio Clube Português. Era o nosso rock progressivo mesclado de música tradicional, para combinar com o sebastianismo do tema e a filosofia da saudade. Estávamos em 1967 e o fechamento do país ao mundo também passava por aqui. Mas não há ninguém, da minha geração e das que a bordejam, a jusante e a montante, que não tenha ouvido muitas e muitas vezes a canção do grupo de José Cid." - in averomundo
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quarta-feira, 5 de maio de 2010

mais é muita falta do que fazer



mais é muita falta do que fazer

a.
inconsciente ao volante
o carro foi num poste e
luz

b.
se parar
um pouquinho para pensar
pensão

c.
vulcão na islândia
veículo na times square
onde há fumaç há fog

d.
meu pão meu vinho meu ar meu amor
meu pronome possessivo
primeira pessoa
masculino
singular

e.
como fazer um soneto (7)
ou sessões de obsessão por simetria (10)

f.
não queria morrer
antes de pronunciar corretamente
o nome de deus em inglês
"TH"

g.
a falta do que fazer
faz poesia

***
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sábado, 1 de maio de 2010

da gota serena


da gota serena

o que me agrada
no seu banho
desnudo:

perfume de sabonete
à flor d'água se explodindo

desejos pelo corpo fêmea
balé descarado de quem me domina
de quem me esquarteja com seus olhares de nem aí

antecâmara dolorosa para o clímax do prazer
e se os meus calafrios alimentam o
fogo

iluminura?
epifania?

***

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sexta-feira, 30 de abril de 2010

um achado



um achado 

poeta perdido
poeta que teme
entregar-se
à comiseração da família & domesticar-se
entregar-se
à piedade de amigos amigos de amigos distantes
à compaixão da namorada de dois poodles que fazem au au 
poeta que teme
render-se
a mecenas que investem
nas ações da lavanderia bororo belas-letras
a leis de incentivo para a bovinocultura
ao alcoolismo
render-se
a academias d'apaniguados grupelhos maçonarias
a lobivar matos a manoel de barros a raquel naveira a flora thomé
à poderosa nação guaicurus
poeta que teme
submeter-se
a concursos e prêmios di-
versos noite da poesia jabuti camões nobel
feiras de livros festivais da américa do sul
congressos internacionais publicações em capa dura
submeter-se
às curvas da musa pantaneira
à crítica literária de uma doutora da ufms
a um legal legal mesmo
poeta que teme
a popularidade
poeta que teme
a solidão
e aí ai ai
poeta que
poeta que
poeta que se acha

***
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quarta-feira, 28 de abril de 2010

gloss



gloss

aqui
no banheiro
pagando pelo pecado de existir
eu leio na gloss de número 31
filha adolescente né galera leio que
uau é possível se perder os últimos
dois quilos sem neura
talvez as leitoras se perguntem dois quilos só porra
a capa com a isabeli fontana "mulher
carnuda é mais sexy" namora atualmente o falcão do rappa
um especial acessórios
cortes ousados para a pelúcia da meninada a ana
cañas bêbada
de vinho para entrevistar o ney matogrosso
“abri mão da forma e me restringi ao ato de cantar”
a cria relâmpago trovejante da birkin e do gainsbourg
esmaltes que viraram feti-
che
um da lancôme custa 75 pilas
ilustrando a matéria “volta tesão”
o talento de caco galhardo o que me
levou a pensar de novo no glauco e no seu filho raoni
acontece que na contracapa a alinne moraes propaga lingérie
isso
agora papel higiênico
descarga lavar as mãos e postar essa bosta no blogue

*** acesse http://gloss.abril.com.br/ e você será mais uma parceira da felicidade
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segunda-feira, 26 de abril de 2010

poética

Like poety - by Ethereal Forest 303


poética

das palavras
eu uso o desvio

por
uma poética no limite entre inomináveis
uma poética de término que não se finda
que se reengendra sem
precisão de recipiente uterino
sem precisão de macumbaria condão florais de bach

uma poética sem eu disse
uma poética às vezes com
a fim de entretanto

uma poética feito garras
de som que se articula semovente na superfície dos seios mãe
enormes
para leite carícias seiva sangue

assim
ciência entretenimento mistério

***
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Da negra Cidinha

Ex-votos - coleção Lina Bo Bardi

Da negra Cidinha

Senhores, agradeço o comentário
sutil, a gentileza comedida,
sou grata pelo gesto voluntário,
o desapego no veraz da vida.

Padeço com leveza ao serpentário,
sacio do veneno distraída.
Sou fêmea, que dilema planetário,
haveres de sensível comovida.

Por Deus e Padim Ciço, Narayana,
Siddharta, Zaratrusta, todo o cimo,
sublimes nos desejos que sublimo,

por Maomé, até o Senhor da Cana,
eu zelo para ser mais parecida
com a cândida Senhora Aparecida.


Do voo

Sou macho mas suspeito de que haja
na fêmea a divindade por inteiro.
É Cristo como pena de tinteiro
nos céus, assinatura que lhes raja

O Sol.


colheita

água sol seiva
estrumo
feito a fêmea que me fez
como fruta da vez: sumo

***
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