segunda-feira, 1 de março de 2010

Dos valores

 
Shell - by Mariem

Dos valores

A grana se desvela como venda:
Jesus à mercancia do talento
E justos se maculam pela renda
E impérios na desgraça a dez por cento.

O mais não se contendo na contenda,
Contando os seus metais bastante atento,
A música que ilude, diz a lenda,
O lento tilintar do desalento.

Saúde? De champanha - só de espuma,
De caviar - com a já vencida data,
De espelho - que se embrulha como joia.

Se o ganho da ganância faz-se pluma,
O chumbo que é dos olhos se desata
Ao brilho pela cinta d'arazoia.


Dos valores

O preço de sentires não se paga.
Se tens, tu permaneces com, contido,
O tido conteúdo de uma vaga
Contigo, continente do sentido.

O mar é uma metáfora com água
Salgada a muito sal, é garantido,
Garante-se um além a quem naufraga
No colo dos abissos convertido.

O preço, pois, sem paga não é pago,
Apaga-se com o tempo pela ação
Do que se abrasa ao sucessivo trago.

Trazido com as marés o coração
À praia se apercebe que está vago,
E o vago não lhe vinga a contração.


*** Nota de esclarecimento: o mar é garantido, e é caprichoso também.
*** Sylvio Alencar divulga-nos em E, TERNA LUZ.
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