Shell - by Mariem
Dos valores
A grana se desvela como venda:
Jesus à mercancia do talento
E justos se maculam pela renda
E impérios na desgraça a dez por cento.
O mais não se contendo na contenda,
Contando os seus metais bastante atento,
A música que ilude, diz a lenda,
O lento tilintar do desalento.
Saúde? De champanha - só de espuma,
De caviar - com a já vencida data,
De espelho - que se embrulha como joia.
Se o ganho da ganância faz-se pluma,
O chumbo que é dos olhos se desata
Ao brilho pela cinta d'arazoia.
Dos valores
O preço de sentires não se paga.
Se tens, tu permaneces com, contido,
O tido conteúdo de uma vaga
Contigo, continente do sentido.
O mar é uma metáfora com água
Salgada a muito sal, é garantido,
Garante-se um além a quem naufraga
No colo dos abissos convertido.
O preço, pois, sem paga não é pago,
Apaga-se com o tempo pela ação
Do que se abrasa ao sucessivo trago.
Trazido com as marés o coração
À praia se apercebe que está vago,
E o vago não lhe vinga a contração.
*** Nota de esclarecimento: o mar é garantido, e é caprichoso também.
*** Sylvio Alencar divulga-nos em E, TERNA LUZ.