domingo, 7 de março de 2010

Medieval

 
 Do you ever dream of escaping - by Eternal Aphelion


MEDIEVAL

Será que eu sou medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
                                        Cazuza


Tênebra

Cruza-nos, não nos sente. - Alexei Bueno

Demanda à meia-noite por alguém,
Um vulto feito chispa lá de cima,
O nada que diz oi  - como se, amém -,
A sombra de quem foi, que se aproxima.

Quem manda ser descrente, quem?, quem?, quem?!
Corrente serpentina que me intima,
Destino desatina seu porém,
E eu temo vir vinagre da vindima.

Com a cruz, eu me preparo para tudo,
Com a lâmina de têmpera cristina,
Até que se revela nos espelhos,

Despido de peleja e de contudo,
À luz que se reflete na retina,
Ninguém, que multiplico de joelhos.



Cruzada doméstica

Eu sempre fui um só, e não vario,
Não vário que me  valha pelo tão
Estranho e solitário como um rio,
Não nasce ou desemboca: sou, então?
Ocorre que no quarto em que dormia
Um som aos meus ouvidos foi tamanho,
Dragões ou outros monstros, companhia,
Suspeito, na cozinha: mal d'antanho?
Empunho uma muleta à anomalia,
Estufo o peitoral de cavaleiro
Andante de través para a folia,
De súbito o não sólito fuleiro:
     Do pão que à grande fome fez cosquinhas,
     Formigas me pilhavam as casquinhas.


*** Pra quem quiser um de meus ídolos, abaixo...
Cazuza, Medieval II
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