by Azkul
Haikustorm...
Por que o nenê chora? -
o pediatra decide -
"É vírus, senhora!"
Há sol e está quente -
no entanto o gelo se esconde
no peito da gente.
há minas em mim
há fontes de luz e lis
em neve e carmim
são tantos outonos
mas o meu desejo por ti
é do mesmo tônus
O Outono já foi -
mas as folhas no chão... vem
e por vezes vão.
Mô, não se contenha,
que eu tenho vinho, gengibre
e fogão a lenha.
Caía d'antanho
um floquinho de algodão
mas... desse tamanho!
é tanto e tão
inverno rigoroso
batata-doce e quentão
Não lembro, mas acho,
foi nas férias de inverno,
melado no tacho.
Lareira ignora
o número de crianças
com frio lá fora.
O inferno é aqui.
O inverno também. Assim,
sem quê nem caqui.
Tanto não precisa -
respingo de chafariz,
nariz de coriza.
Que frio que faz!
O pó dos ossos não posso
descansar em paz.
Silêncio com sal -
a desértica mudez
do mar glacial.
A mão cria atrito
na blusa por dentro. O gelo
se derrete todo.
É vírus agora
uma vedete sem roupa
na febre que aflora.
Se ele é pós despose-o,
por que no lugar da festa
se faça simpósio.
Sem base nem eixo,
sem gelo nem neve, é que eu
vou batendo queixo.
NADA A VER!
NÃO HÁ NEVE!
NEVER, NÉ?
Frio rigoroso -
em meu estado febril
tremulo de gozo.
Eu sou, não se ofenda,
mas, entre as pernas, à fenda,
um em oferenda.
Agora púbere
ora no púbis:
urbe et úbere.
Não sei onde ponho
mil floquinhos de algodão.
Infância, suponho.
Frio diminui -
fogueira de São João
e meu amor, ui!
O vento de maio
assobia para eles -
chuva, trovão, raio.
Neve tem élan,
chinelinhos de vovó
e meias de lã.
café com chamego
estação de aconchego
inverno chegou
Inverno com flor,
com cerveja, futebol,
calão e calor.
Marte, de golada,
em seda, pelo, veludo -
Heineken gelada.
Acerto de contas:
calcinha de renda
não paga imposto.
gérberas gerânios
ai gemendo ganindo
na minha germânia
Saia celestina -
dava para ver o Sol -
vento na cortina.
*** Aviso: estou sem Internet, então...
*** Publicado texto inédito deste na Revista Diversos Afins.