quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Setentão




Setentão

Caetano não caiu, não decaiu,
produz o preguiçoso o seu instante.
Detestam que produza, relevante,
revelam que é passado, que é senil.

Não sei o que dizer, nem mais um pio?
Setenta na carcaça do incessante,
mais quantas primaveras vêm adiante,
meu rei? Na lentidão deste Brasil

baiano, com sabores de marinha,
azuis e maresia de ancião,
tem fôlego de jovem que aporrinha.

Veloso, não veloz, sem coação,
o velho vai compor na sua linha
de curvas o fontano coração.


***  O Caetano, dizem, é a minha cara. Foto acima feita por Fernando Young.
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8 comentários:

Eleonora Marino Duarte disse...

«O homem velho é o rei dos animais»

caetano é rei do meu reino.

belíssima homenagem, bardo!

muito, muito bom.

um beijo.

Leo Lamarão disse...

Caetano já orou ao tempo nosso algoz,
Mais não tem jeito ele é mesmo atroz.

Sete, um numero mágico, setenta trágico.
A vida um momento, a Caetano sentimento.

A musica, o Caetano um gigante...
A poesia, o Bardo com seu soneto retumbante.

Abraços

BAR DO BARDO disse...

Eleonora,

ele merece.
Beijo!

BAR DO BARDO disse...

LL,

assim ele vai cantar: "Gosto muito de você, Leozinho..."

Abraço, camarada!

Adriana Godoy disse...

É, o cara merece! Beijo

BAR DO BARDO disse...

Adriana,

como se diz, com certeza!
Beijo!

Marcelino disse...

Gosto muito de alguns textos de Caetano Veloso. Ele vai muito bem nas mesas de teu bar, Bardo, e as doses que lhe ofereceste nesse soneto são de arrepiar.

BAR DO BARDO disse...

Marcelino,

você é muito gentil. O Caetano merece.

Agradecemos!