terça-feira, 5 de novembro de 2013

Aos meus pés

burkhardt's feet

Aos meus pés

A foto é de seus pés, e já me basta,
em mármore de carne e maciez.
A fome que saliva não é casta,
desejam meus caninos sua vez.

É branca sua cor, que me devasta...
A dor, a sobrevir da palidez,
que breve ruborize iconoclasta,
que bote para fora a sensatez.

Aos gritos, aos ganidos, sua graça
de nórdica, teutônica raiz,
aos gritos, aos ganidos, a devassa

é feita por que o sangue em chafariz
promova a rebeldia que trespassa
o peito que descende dos puris.

* Puri - tribo indígena que habitava o Vale do Paraíba, possivelmente da qual provenho. 



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5 comentários:

Gabizinha disse...

Sonetos sempre me alegram, por vez este me remeteu a J.G. de Araújo Jorge ! Esta dama tem em seus que poder de sedução e de seduzir! amei

BAR DO BARDO disse...

Pois, Gabi, a Bete é merecedora de todo o meu encantamento. Grato pelas palavras!

Felicidades!

- Henrique

BAR DO BARDO disse...

Ô Marcos,

agradeço pela apreciação literária. Sinceramente, seu tino para o soneto é fora do comum, porque você é um excelente sonetista e conhecedor (como poucos) da matéria. Tenho sonho de publicar um volume com sonetos de amor. Preciso chegar a um número significativo de textos esteticamente "razoáveis", que valha a pena o investimento do major Pimenta, meu mecenas.
No aspecto do lance hi-tec, sou um asno. Provavelmente apertei uma tecla que não devia. Mas, qualquer parada, meu e-mail é bardopimenta@yahoo.com.br. Sou tímido em exagero para ficar na frente de câmeras, meu amigo - só em casos excepcionais, quando protagonizo uns filminhos pornôs caseiros... hehehe... iac-iac-iac... (brincadeirinha... )

Marcelino disse...

Que bom te ler de novo, bardo, e com soneto, melhor ainda.

BAR DO BARDO disse...

Marcelino,

estamos indo... de... vagar...

Abraço!