segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dura



Dura

O golpe é revertido para quem,
em ato de emoção, se fez o tal:
perdeu, casa caiu, não há ninguém
pior que o ganhador, o maioral.

Perdido, com troféu de "tudo bem",
ganhou mas não levou do que é vital:
o riso de partilha para alguém,
o gesto de altruísmo universal.

Carece nem de fumo nem de pinga,
fez jus a seu fracasso com brandura:
melhor à perdedora, pois não vinga.

Desprezo de quem ela mais amou
transforma-se em paixão, mas não perdura:
perdendo, vencedora se tornou.

*** Img in Endfile.


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6 comentários:

f@ disse...

uma dose de alegria com sal por voltar a ler-te
sempre mto bommmmm

Jeanne Araujo disse...

retornei aqui depois de tanto tempo...sempre é muito bom te ler! Bjo

BAR DO BARDO disse...

f@,

tenha um 2015 legal!

BAR DO BARDO disse...

Jeanne,

felicidades em 2015!

Marcelino disse...

Muito profícua a ideia camoniana do "transforma-se o amador na coisa amada", por séculos a fora ainda o retomaremos conscientes ou não, pois trata-se de verdade universal a mutabilidade das coisas, a aproximação dos falsos contrários.
Quando sai o próximo livro?

BAR DO BARDO disse...

Marcelino,

grato pela argúcia.
O próximo livro será de contos. Talvez para este ano ainda.
Abraço!

- Pimenta