segunda-feira, 30 de março de 2015

Soneto cinéreo



Soneto cinéreo

Porque não sobrevive no varejo,
miúdos amiúde no salário,
um pouco de sorriso com bocejo,
mil sonhos em frugal deficitário;

pretendo que lhe seja, por ensejo
de data decidida ao calendário,
o dia para a morte que desejo,
a morte do sujeito, o salafrário.

Pretendo, pretensão descomedida,
que a cinza resfolegue mais ardida,
que ainda permaneça fumacenta.

Aos poucos a fogueira já vai alta,
o cheiro de queimado sobressalta
e breve eis que a desforra me apascenta.

*** Img - todochimeneas.
Share |

2 comentários:

Marcelino disse...

Quanta malvadeza poética! Já andávamos com saudades do sonetista cibernético da blogosfera.

BAR DO BARDO disse...

Isso, Marcelino,

devemos ser maus de vez em quando...