Soneto cinéreo
Porque não sobrevive no varejo,
miúdos amiúde no salário,
um pouco de sorriso com bocejo,
mil sonhos em frugal deficitário;
pretendo que lhe seja, por ensejo
de data decidida ao calendário,
o dia para a morte que desejo,
a morte do sujeito, o salafrário.
Pretendo, pretensão descomedida,
que a cinza resfolegue mais ardida,
que ainda permaneça fumacenta.
Aos poucos a fogueira já vai alta,
o cheiro de queimado sobressalta
e breve eis que a desforra me apascenta.
*** Img - todochimeneas.
2 comentários:
Quanta malvadeza poética! Já andávamos com saudades do sonetista cibernético da blogosfera.
Isso, Marcelino,
devemos ser maus de vez em quando...
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