terça-feira, 5 de julho de 2016

Nota



Nota

Comboio dirigido por ninguém
nos trilhos da perfídia parasita,
rumando para o abismo da desdita,
são todos conhecidos nesse trem.

Política não serve para quem
só teme a inteligência, que exercita
miolos, se sai bem e sai da grita
dos tolos que a toleram e a mantêm.

Desista de sentir uma peninha
do povo que se exalta por daninha
medida que lhe é contra a posição.

Insista na ganância de aprender,
em tudo o que se ganha ao não perder
o tempo imprescindível de instrução.

***
Share |

4 comentários:

Valdir disse...

Belo soneto. Com sentido pleno, como eu gosto.

Me perdi na segunda estrofe. Pareceu-me que "a Política não serve para os tolos que a toleram e a mantêm", enquanto (esses mesmos tolos) temem "a inteligência, que exercita miolos e se sai bem".

Ou seria que os tolos "temem a inteligência de quem, na Política, exercita miolos e se sai bem" e, como defesa, dela se dispensam, embora a tolerem e (assim) a mantêm.

As outras estrofes, irretocáveis, principalmente as duas últimas.

BAR DO BARDO disse...

Jarbas,

A política não serve para quem é inteligente e, portanto, vive exercitando os miolos. Acho que é isso...

Valdir disse...

Então, revisitei a estrofe e tirei do "teme" o "e" final intrometido (ou ali colocado ad hoc para confundir, à la Manoel de Barros). Mas a tolerância e a manutenção ficaram um tanto longe da Política, e um tanto perto da Inteligência...

BAR DO BARDO disse...

Pois, uma anarquia só.