Aniversário, mas eu queria dormir
Eu envelheço em Campo Grande, aqui,
deitado no sofá… No meu silente
soneto sem lamúria, a minha lente
de ver é penetrante e é nem aí
à data que envelhece (envelheci?)
seu dono levemente sonolento,
um homem que é tão lento, mas tão lento,
confunde-se à criança com pipi:
a fralda a ser trocada pelo pai,
o pai, seu Odalício, militar,
sorri para o malandro que pranteia.
E penso em minha mãe, no que se esvai,
avós e em meus irmãos e em reatar
o sono: amortecer-me em sua teia…
***
3 comentários:
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Bonitíssima a recordação do pai. Linhas singelas e de intenso lirismo. Você deu-lhe o presente.
Oi, Marcelino!
Meu pai se aproximava do fim. E faleceu pouco depois desse soneto. Fui uma forma de "dialogar" com o meu heroi.
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