sábado, 18 de junho de 2016

Aniversário, mas eu queria dormir



Aniversário, mas eu queria dormir

Eu envelheço em Campo Grande, aqui,
deitado no sofá… No meu silente
soneto sem lamúria, a minha lente
de ver é penetrante e é nem aí

à data que envelhece (envelheci?)
seu dono levemente sonolento,
um homem que é tão lento, mas tão lento,
confunde-se à criança com pipi:

a fralda a ser trocada pelo pai,
o pai, seu Odalício, militar,
sorri para o malandro que pranteia.

E penso em minha mãe, no que se esvai,
avós e em meus irmãos e em reatar
o sono: amortecer-me em sua teia…

***

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3 comentários:

BAR DO BARDO disse...

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Marcelino disse...

Bonitíssima a recordação do pai. Linhas singelas e de intenso lirismo. Você deu-lhe o presente.

BAR DO BARDO disse...

Oi, Marcelino!

Meu pai se aproximava do fim. E faleceu pouco depois desse soneto. Fui uma forma de "dialogar" com o meu heroi.