sábado, 29 de junho de 2019

EME


 













EME

Eu morro de vergonha desse cara
com cara de palerma o tempo todo.
Seu ar de idiotia se equipara
aos ogros trogloditas, a seu lodo.

Ao lado de quadrúpedes, seus pares,
de quatro permanece, meditando
em como meditar em malabares
em câmera lentíssima, até quando?

De súbito, desperta para a fala,
e, eureca!, regurgita as altas teses,
em hétera retórica de bala.

Tem mérito o discurso sem vieses,
com rúmen verde-oliva, porque exala
o melhor que há de si: as suas fezes.
***
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4 comentários:

Marcelino disse...

Muito, muuito, muito bom, Bardo. Se pudesse ser lido em voz alta pra o cafajeste mor da República seria melhor ainda.
Ando afastado da blogosfera porque voltei pra sala de aula, e sala de aula,cê sabe, nos consome um tempo bom, ou quase todo o tempo mesmo rsrsrsr

BAR DO BARDO disse...

Eu também estou em salas de aula... Entendo.

tudoporfazer disse...

Muito bom. Lembra os sonetos políticos do Sutana. Igual competência. Parabéns por não ter incluído hermetismos.

Sobre Cultura, não sei se o mundo inteiro está errado, e só eu certo, mas andei assistindo, a duras penas, o filme do Michelangelo Antonioni, O Deserto Vermelho. O cara faz um filme de 3 horas para não falar de coisa alguma, a não ser algumas alegorias de segundos. Toda a possível mensagem do filme pode ser resumida a alguns frames. Vale pela garota (não a Monica Vitti), quase no fim, tomando banho de sol com um biquini comportado, mas compondo com ele uma linda figura.

BAR DO BARDO disse...

Grato pelo diálogo, "Tudo por fazer"!