quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dicas de viagem




Até mesmo os góticos merecem uma temporada num lugarzinho bem quente... Eu, por exemplo, me enamoro de montanhas cônicas em dias de muito sol.
Viajar? A-do-ro! Embora permaneça a vida inteira ruminando minha palidez dentro de casa, ou melhor, dentro de mim.
Ai, que vontade de rir.

Abaixo, quem estiver com vontade de rir, digo, viajar, digo, ler, há três textos que não se ligam de modo nenhum à capa do livro acima. Não mesmo?!
(Risos).



degelo

ao chão
navega
trafega
desvãos

o são
sonega
em sega
ao cão

é deus
flagelo
de lavas

e o seu
singelo
às favas



Carnaval dos vermes

Eu sou aquele curto de emoção,
Um cérebro que sente pequenino,
Um antissocial, a solução
Por mim em água e sal do meu destino.

Eu sei que sou igual aos outros são.
Mais, não. Mas eu sou cândido, defino
Que ser desejo ser de coração
E, assim, não vou chorar quando do sino.

Preparo minha cama para quando
Da máscara caída ao carnaval
Meu rosto for exposto caducando.

Educo os sentimentos, silencio-os,
Sem lágrimas nem ais, eis o final,
Aos vermes macilentos e macios.



Em trânsito

Recende-me em sentidos, se és sentida.
Renasço onde tu queres, em infinda
Certeza de que quero o que, querida,
Requeiras para mim. E, mais ainda,

Se és rosa de carmim que me convida
A alvíssaras à vida. Minha linda,
Ao seio desse bruto, na guarida
Do sumo sacerdócio, sê bem-vinda!

Sou dócil como o dom de flutuar,
Sou bolha de sabão dalgum petiz,
Sou bem, e bem mais leve do que ar.

Sou fácil como o céu que eu mesmo fiz
Na folha de papel do meu sonhar,
Se há sol vou para lá: o meu país.

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