sábado, 23 de julho de 2011

Mãos de cigana

Mãos de cigana

          Segurando minha mão, apertou-a de leve, sem tirar os olhos de, e seus lábios de açougue permitiram que eu me fizesse em sua saliva, sentisse-lhe pulsar o sangue súbito. A cena desenvolveu-se para o mal que nos estruturava protagonistas. A palidez e a languidez deram lugar ao que há de mais baixo na humanidade, a consecução da carne. E era sujo. E, para além de tudo, sempre fora motivação para a existência, e gostoso. Eu já não me aguentava... O vestido florido de bosta rasgado no chão. Ao empurrá-la para aquele sofazinho sórdido percebi um certo ar de ironia na sua expressão. Ardia seu corpo com meus beijos, chupadas, mordidas. A putinha grunhia (grunhir é um excelente verbo!) e aquilo me deixava mais excitado ainda. A calcinha úmida me implorava por nudez. O mínimo cárcere queria libertar suas mártires. Esfregando-me freneticamente nas suas partes, fui me despindo. Amiúde a liberdade... Eu via nitidamente espectros vermelhos, delírios, volutas, faíscas, arabescos, tudo desvelando o que meus olhos por vezes fechados concebiam de forma caoticamente animal. Não importa, eu quero a doença, a doença que leva as almas ao Eis o busílis! No fundo, um silêncio vago de solidão que os nossos murmúrios abafavam a contento. Todo instintos, todos os instintos, não mais respondia por mim. Fui tomado. Consagração. E puxei e não sei de que maneira a calcinha completamente molhada veio para perto de meu nariz, ai!, os óleos da fêmea!, coloquei-a dentro de minha boca por um momento. E desejei como nunca que os seios apertados nas minhas mãos, e passei a chupá-los com uma angústia reticente, queimando minha língua. Fui descendo com jeito para a prova que me realizaria o macho. Sentindo a vontade da cadela e desejando como um cão, fui lambendo o percurso e ateando fogo sobre a brancura daquela ingenuidade displicente, quanta inocência. Eu também já estava completamente nu, conduzindo o meu. Então eu falei o meu nome é..., porque me olhava assustada depois de ter perguntado por três vezes o meu nome e, por último, se eu estava me sentindo bem. E então desfizemos o aperto de mãos.

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