segunda-feira, 25 de julho de 2011

Dos colibris



Dos colibris

           Suavidade ao favo de teu colo, bichinho. Sumo desejo sob a penugem, na pele caucásica. Sonho, o que me põe no teu regaço, o que me cauteriza as dores por meio da fascinação quando do olhar.
           Algumas aquarelas na sala retratando Paris, o mofo, algum verde, o mofo, uma ponte sob o mofo. Às margens de que Sena aquela Górgona me seduz? Medusa, cabelos répteis, suas serpentes em balé. Entanto nos olhos é que a coisa conflagra matérias. Havia de ser num passeio preguiçoso pelo diafragma, a abertura que focaliza apenas as circunstâncias mais próximas da ventura.
              Aguardando os colibris, uma arapuca feita de hidromel e liberdade na varanda. Que seja disparate, insensatez, absurdo, que seja a lâmpada assento para a luz, que seja apenas uma forma de dizer, o verbo cria. Se me pedem o discernimento, um pouco de sintaxe, a tradição de sujeito, predicado, complementos; sou criança, não me importo se balbucio, ou vocifero, permaneço mudando, movimento-me para lá, para cá, bagunço o que premeditaram à nascença da Razão.           
              Alfinetes enterram-se na textura aveludada, sanguinho de groselha a tirar para violeta, papilas tácteis na decisão da volúpia, as guelras de um peixinho beta vermelho, o que restou na lembrança alucinada de acordo com os desvios de ilusório crepúsculo, inocência corrosiva. Gostaria de afirmar que eu também amo os beija-flores e sua figuração para adictos.

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