quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Desistência
Desistência
Se tenho condições de desistir,
desisto de insistir. Sem resistência,
mais fácil de topar e de cair
no fundo dos abissos, na ciência
do caos. Pois, se desisto de investir
no verbo, nas ações, na coerência,
só tenho o que é de mim (sem sobrevir),
o tédio confortável, a anuência.
Deitado no sofá, numa soneca,
ninguém vai me culpar, que não se peca,
se acesso nos meus sonhos o sucesso.
Não nego que é preguiça, que sou fraco,
que a vida é que me leva para o saco,
que agora já nem sei por que não cesso.
*** Img in Kurare
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7 comentários:
não cesso, apenas para ter desculpa para uma soneca
______
não
, cesso apenas
, para ter desculpa
, para uma soneca
msk,
ok!
choco,
grato pelo diálogo!
felicidades!
Frágeis ilusões povoam
o leme existencial
das pessoas, que voam
qual barata associal
Ao eu-lírico, eu recomendaria adotar uma qualquer, desde o "amigo imaginário dos adultos" (como diz de Deus - ou Alá, ou Odin, ou Moloc, ou Tupã) um personagem representado por Morgan Freeman) até a teoria de pertencer a uma "raça superior". Eu fico com uma horta que pretendo fazer no fundo de um lote em Bonito. Ninguém nunca foi traído ou decepcionado por um pé de alface...
Caro Jarbas,
existe uma possibilidade metafísica no bagaço de uma laranja azeda. Esse mínimo, ainda que na esfera do possível, se destacará como o jarro que foi perdido durante o beiço (sangrando) da cultura pop. Tenho dito?
Sempre achei o grande lance de teus textos essa subversão que se opera às vezes de forma bem sutil entre a forma canônica do soneto e seu conteúdo ou menos que este: alguma palavrinha que se incrusta no texto e dá-lhe o ar de casualidade e desapego com o sério. Neste aqui a palavra 'soneca' abre os tercetos com todo o desprendimento possível para quem já falou de abissos, desistência e coerência.
Marcelino,
você é um arguto leitor. Caberia bem na crítica,suponho.
Agradeço pela leitura, pois.
- Pimenta
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