quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Amor é dúvida?

 
18 octobre 1936 - par bwiti


AMOR É DÚVIDA?

Amor é dividir por dois a dúvida.
Amor é duvidar a dois da dívida.

. . .


Ao fim a pevide
(licença devida!)
em um se divide:
amor, morte e vida.

. . .


A mesma dúvida

Amor é dúvida, não é?
Amor é frêmito no peito,
Amor é freio, por despeito,
Cardiopatia, porque é.

Amor é dívida de fé!
Amor aposta no malfeito,
É não ter fôlego direito,
É travessia sem dar pé.

Amor motiva, mas deprime.
É estar aqui, mas nem  aí.
É como um filho com tumor.

Amor liberta pelo crime
Que se executa contra si.
Mas o que é mesmo o tal amor?...

. . .


Elegia à eleita

Distante. Negligente, porventura.
Nem sei o que depor, uma tortura.

Tortura para dois, nos aparelha,
Partilha de pesar para a parelha.

Se primo pelo sol, por que evolua
A pedra do meu peito para lua,

Me cego para ti? Porque não vejo,
Desejo o que não vi nem antevejo?

Eleita, nesse mundo o que acontece
É malha de armadilhas que se tece

Por mãos de uma caquética sincrônica,
Compósito de fábula com crônica,

É caos contemporâneo, nativista,
Sereias de cilício, mar à vista,

Timbós e catimbós, misericórdia!,
E o mais é conterrâneo da discórdia.

Voltando ao que te elege, pois, eleita,
Nomeio-te febril pela maleita:

Aumenta a têmpera que tens, amor,
Gradua para cima, mais tremor...


*** O amor, enquanto mesmo, não se trata de uma figura de retórica. Sim?
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