18 octobre 1936 - par bwiti
AMOR É DÚVIDA?
Amor é dividir por dois a dúvida.
Amor é duvidar a dois da dívida.
. . .
Ao fim a pevide
(licença devida!)
em um se divide:
amor, morte e vida.
. . .
A mesma dúvida
Amor é dúvida, não é?
Amor é frêmito no peito,
Amor é freio, por despeito,
Cardiopatia, porque é.
Amor é dívida de fé!
Amor aposta no malfeito,
É não ter fôlego direito,
É travessia sem dar pé.
Amor motiva, mas deprime.
É estar aqui, mas nem aí.
É como um filho com tumor.
Amor liberta pelo crime
Que se executa contra si.
Mas o que é mesmo o tal amor?...
. . .
Elegia à eleita
Distante. Negligente, porventura.
Nem sei o que depor, uma tortura.
Tortura para dois, nos aparelha,
Partilha de pesar para a parelha.
Se primo pelo sol, por que evolua
A pedra do meu peito para lua,
Me cego para ti? Porque não vejo,
Desejo o que não vi nem antevejo?
Eleita, nesse mundo o que acontece
É malha de armadilhas que se tece
Por mãos de uma caquética sincrônica,
Compósito de fábula com crônica,
É caos contemporâneo, nativista,
Sereias de cilício, mar à vista,
Timbós e catimbós, misericórdia!,
E o mais é conterrâneo da discórdia.
Voltando ao que te elege, pois, eleita,
Nomeio-te febril pela maleita:
Aumenta a têmpera que tens, amor,
Gradua para cima, mais tremor...
*** O amor, enquanto mesmo, não se trata de uma figura de retórica. Sim?